sábado, 7 de maio de 2016

DIAS DAS MÃES

Seria uma grande pretensão, querer o dia das mães perfeito?
Não quero café na cama, nem mesa posta, nem presentes; queria apenas passar um tempinho com a presença das filhotas. 
Quando falam dia das mães, vêem na ideia aquela cena bucólica da infância, as lembrancinhas que fazíamos para a mãe, ela de avental, preparando os quitutes do domingo, e ela nunca reclamava, dos erros de ortografia nos cartõezinhos, nos abraçava, e dizia que éramos os seus verdadeiros presentes. Pudera eu eternizar os sete anos que vivi com minha mãe, ela me ensinou tudo. Se fazia um bolo, nos colocava para ralar o côco, se fazia o pão, nos deixava fazer nossos pãezinhos e os colocava ao lado dos dela para crescer e assar, se fazia uma moqueca de bacalhau, lá estávamos nós, ralando o côco para espremer o leite para a moqueca, se fazia o doce de abóbora, nosso encargo era descascar muitas abóboras para o doce...
Se ia para a plantação, lá estávamos para cobrir as covinhas com as sementes, ralar o milho para a pamonha, para o bolo de milho verde, tudo era em conjunto, e o único lugar que eu consegui guardar isso tudo foi dentro de mim. E o que foi garantido a mim, eu repassei para as minhas meninas, e eu sinto saudades disso tudo.Era perfeito, amanhecer aos domingos, com o barulho do fogo crepitando, e o cheiro de café quentinho, o jeito de ser acordada, as despreocupações da vida, que a única preocupação do menor de sete anos, é brincar...
Fomos felizes.
Dia das mães é todo dia, chegar sem avisar, tomar café juntas, ir para um shopping, ser feliz de qualquer forma, apenas com a presença dos filhos, nosso maior presente.
FELIZ DIA DAS MÃES!

quarta-feira, 13 de abril de 2016

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE



Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.E sinto-a, branca, tão pegada, 

aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres,

porque a ausência, essa ausência 

assimilada,ninguém a rouba mais de mim.















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DESAPEGO

Eu me apeguei às minhas filhas, não daquele modo rabugento, me apeguei na presença, no contato, tomávamos café, almoçávamos e jantávamos reunidas sempre, íamos ao clube, uma associação dos funcionários públicos aos sábados, colônia de férias na praia em Caiobá, acho que quem ficou dependente, foi eu...Os finais de semana, agora são diferentes. Nunca posso dizer que há um abandono, não há. Houve uma maturidade precoce, com as minhas filhas. Eu posso estar enganada, mas elas ficaram independente antes dos 18 anos. Cobrar visita é horrível, é como se a gente precisasse desesperada da presença de alguém, e não é verdade.Há momentos... Eu tenho por mim, que quando um filho sai de casa, a mãe entra em luto. É um rompimento, querendo ou não. E choramos, ficamos tristes, depois tentamos preencher o vazio que fica; na casa, na gente. E eu estou na fase final do luto, querendo pegar no tranco rs. Pergunto-me diariamente: como cheguei até aqui? E sei que antes de tê-las, eu era só, posso voltar a ser como antes, mas naquela época era mais jovem, era diferente, quando somos jovens, enfrentamos o mundo. As amizades eram também diferentes. Hoje ficamos mais em casa. A insegurança está em todo lugar, e todo dia há manchetes nos telejornais para nos lembrar constantemente disso. A pessoa acima de 40 anos sozinha é vulnerável, morando, curtindo, viajando e vivendo sozinha. A fase das compras exageradas já passou; meio prato, e produtos menores e em menor quantidade, agora é opção forçada, supermercado para mim, é local de parada breve, engraçado que não vejo rostos felizes no supermercado, na maioria das vezes é triste, preocupado, quando não; estressado, definitivamente, não tem como ser um lugar  legal. Fazer atividades diárias, para não cair na rotina. Fazer yoga ... mas tem que ser vegan? Passear com os cães. Quem trabalha à noite, chega pela manhã um trapo, passear pela manhã, não dá. Voltar a frequentar o clube, pelo menos para as atividades de academia...Uma coisa eu sei, ficar aqui com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar é que não dá. Reaprender, desapegar de coisas e idéias ultrapassadas, ler mais. Sair mais, viver mais, deixar que sintam saudades, pessoas felizes não enche as paciências dos outros, não tem tempo para se lamentar, para reclamar de dor ou desamor. 



terça-feira, 5 de abril de 2016

FELICIDADE

Assim como a brisa, que chega mansinho, você aparece para me fazer visita. Eu amo esses momentos, carrego a mesa com coisas gostosas,para compensar a ausência.
A felicidade, é feita de fragmentos assim, antes eu queria que o tempo parasse, enquanto olhava os rostinhos rechonchudos rosados dormindo na inocência de criança, alheio ao mundo lá fora, pensando apenas em como divertir-se, saciar os desejos de chocolates e guloseimas, as fases doces da infância; os nãos; os sims; os de onde vêm e os porquês...As descobertas, todas elas; as boas e as ruins.Os joelhos e cotovelos ralados, as trocas dos dentinhos. Ah as janelinhas...minhas doces banguelinhas. Saudades pouca é bobagem, saudades muitas. 
Hoje eu tento eternizar essas frações de felicidades,
principalmente quando estamos juntas, porque tudo passa rápido demais, num piscar de olhos, uma vida passou inteira diante dos meus olhos, e eu quase não curti, como naturalmente deveria ser. O papel de docente eu já fiz, agora só quero ser mãe. 
Mãe é aquele ser, creio eu; sublimada, porque é desprovida de julgamentos, sofre e intercede pelo filho em todos os momentos da vida, quando minhas filhas estão com problemas, sem eu saber, eu sonho com elas. Ser mãe é; parar tudo numa tarde, e arrastar os filhos para a cozinha, fazer um prato, ou sobremesa juntos. Dar atenção, não deixa-lo falando sozinho, ouvir seus medos,anseios e dúvidas, encorajar nas fraquezas, contar histórias, dividir uma caixa de bis, ensinar a patinar, a andar de bike, levar à praia...foram momentos maravilhosos.
Agora tenho que repensar, engraçado que por um longo período, comprava como se elas estivessem comigo rs. Enchia os armários, a geladeira...Fazia panelas cheias...Aí estragava tudo. Demorou para a ficha cair que não havia mais ninguém para jantar, tomar café, ou almoçar. Os cães, lógico, ficaram comigo, tristes no começo, mas acabaram se acostumando. E eu pensei que ia entrar para a estatística da geração canguru, mas passei bem longe. Eu sou uma incógnita, fui mãe aos 23, minha sobrinha grávida junto comigo aos 16, hoje minha filha tem 23, a minha sobrinha já é vó há 6 anos rs. E minha filha fazendo faculdade nem sonha com filhos.

quarta-feira, 30 de março de 2016

COMO DIZER

Como dizer que a ausência da tua voz me traz melancolia? Que quando você não me liga, fico mergulhada nos turbilhões de pensamentos desencontrados, procurando uma desculpa tola, para ouvir o som suave que me chamava toda noite, para acalentar, e espantar seus medos...
Serei um ser metamorfoseado, que passou por todos os estágios, e agora no último; me dei conta, que não aproveitei as fases anteriores, e não posso repetir. 
Nos momentos que estamos juntas, olho no seu rosto, procurando aqueles olhos grandes, a inocência de menina, a carência de proteção, e encontro outro ser que também passa por metamorfoses, maravilhosas. 
Mas e a criança que andou um dia comigo? Ela realmente existiu, mas evaporou nas ciências da vida.
Um elo que custo a romper, parecendo uma eterna gestação. Eu me recuso a aceitar que a velhice vem como o cair da noite, e a casa vai estar fria e vazia...

SUA AUSÊNCIA

Você sementinha miúda; que carreguei no meu ser, acalentei, amei, desejei
e depois, no meu colo protegi, alimentei teu corpinho e teu espírito.
Ouvi tuas primeiras palavras, com emoção; teus primeiros passos vacilantes.
Os risos, os choros, as correrias são sons com ecos em uma casa solitária.
As datas festivas vem e se vão, em um eterno ciclo sem fim...
As estações também vem, e com elas as lembranças perdidas em um passado distante.
Eu dizia que era eterno, mas me esqueci que o tempo rouba tudo e todos...
Hoje as duas crianças maravilhosas que fizeram parte da minha vida, estão no porta retrato em cima do aparador na entrada da sala...
Infância maravilhosa, que amei cada segundo.